Um projeto desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) resultou no sequenciamento dos principais genótipos causadores de criptococose em pacientes com HIV.
A descoberta foi apresentada durante o seminário de avaliação final do Programa Pesquisa Para o SUS (PPSUS).
A criptococose é uma doença causada pelos fungos do gênero cryptococcus, transmitida por meio da aspiração de coágulos infecciosos presentes no ambiente.
Geralmente, esses coágulos estão presentes em fezes e aves ou em plantas e vegetais em decomposição.
A pesquisa obteve informações importantes para traçar o perfil epidemiológico de pacientes com criptococose portadores de HIV e em pacientes sem HIV.
Com o resultado, pode-se observar que o perfil epidemiológico entre os dois grupos é totalmente distinto.
Entre os pacientes com HIV, notou-se a predominância de homens jovens, cuja principais representações clínicas foram dor de cabeça, vômito e perda de peso.
Quando estudados os agentes causadores, foi detectado a predominância do genótipo VN1 do fungo cryptococcus neoformans em 89,4% dos casos.
Ao sequenciar os genes, foi descoberto que 97% destes casos eram da linhagem SP-93.
“Ou seja, nós colocamos o Amazonas no mapa e explicamos qual é a linhagem principal causadora de cryptococcus neoformans aqui, que é semelhante no nosso estado”, disse o pesquisador João Vicente de Souza, coordenador do projeto.
Já nos pacientes sem o vírus do HIV, observou-se a predominância de casos em pacientes do sexo feminino.
O principal agente causador neste cenário foi o cryptococcus gattii, sendo o genótipo SP-20 o mais comum.
O mesmo genótipo também foi responsável por epidemias nos Estados Unidos e no Canadá.
“Esse agente está sendo especial. Quando a gente diz que encontramos, entre 11 pacientes não HIV, quatro casos com esse genótipo, chama atenção”, disse o pesquisador.