Pix de Bolsonaro: Quem foram os principais beneficiários dos R$ 17 milhões

Um relatório do Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) revelou neste sábado (5) como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) distribuiu os R$ 17,2 milhões provenientes do chamado ‘escândalo do Pix’. Ao contrário do que poderia ser especulado, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não foi a principal beneficiária da arrecadação do marido.

Ao todo, Michelle recebeu 10 transferências que totalizam R$ 56 mil reais, o equivalente a cerca de 3% da fortuna. Em 29 de julho, Bolsonaro debochou das denúncias sobre o escândalo afirmando que o dinheiro serviria para bancar um pastel e as contas da esposa.

De acordo com o relatório do Coaf, órgão responsável por investigar suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro, a maior beneficiária do escândalo do Pix foi Leda Maria Marques Cavalcante, a síndica do condomínio Estância Quintas da Alvoradas, onde Eduardo Bolsonaro mora com a esposa e a filha em Brasília. Leda recebeu R$ 78 mil em seis transferências bancárias.

Já a Casa Lotérica Jonatan e Felix Ltda, localizada em Eldorado, no interior de São Paulo, recebeu R$ 14 mil. O dono da lotérica é Angelo Guido Bolsonaro, irmão do ex-presidente. Na sequência, a lista do Coaf traz o tenente do Exército Osmar Crivelatti, que recebeu R$ 11,5 mil distribuídos em 29 transferências.

Crivelatti é um dos atuais assessores de Bolsonaro. Foi ele quem entregou o fuzil de ouro e pedras preciosas que o ex-presidente recebeu dos Emirados Árabes Unidos à Polícia Federal. Além disso, também era próximo do tenente-coronel Mauro Cid nos tempos de ajudância de ordem.

O escândalo do Pix

A deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) protocolou junto ao Ministério Público Federal (MPF), na última terça-feira (1), uma representação para que Jair Bolsonaro seja investigado pelo crime de estelionato, cuja pena prevista é de 1 a 5 anos de prisão, além de multa.

O objeto da ação é o fato do ex-presidente ter feito uma campanha de arrecadação de recursos financeiros, pedindo dinheiro aos seus apoiadores, para supostamente pagar multas impostas a ele por descumprimento de regras sanitárias à época da pandemia do coronavírus e, em vez de utilizar o dinheiro para quitar as dívidas em questão, teria aplicado o montante arrecadado em investimentos.

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) divulgado na última semana aponta que, somente entre janeiro e o início de julho deste ano, o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões via Pix. As transações, segundo o Coaf, podem estar ligadas à “vaquinha” feita por Bolsonaro com o suposto objetivo de angariar recursos para pagar multas.

Em junho, o ex-presidente divulgou seu CPF, que é o número de seu Pix, para que apoiadores fizessem as transferências. A campanha foi propagada pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, e outros apoiadores.

Naquele mês, a Justiça de São Paulo havia determinado o bloqueio de R$ 87,4 mil das contas de Bolsonaro pelo não pagamento de multas por infringir regras sanitárias à época da pandemia do coronavírus. Até o momento, entretanto, o ex-presidente não pagou as multas em questão e, segundo o Coaf, ele utilizou os R$ 17,2 milhões arrecadados para fazer aplicações em renda fixa. 

“A campanha arrecadou cerca de R$17.000.000,00 (dezessete milhões de reais) por meio de 769 mil transações feitas via Pix ao longo deste ano. No entanto, conforme amplamente noticiado , o Representado, ao invés de pagar as multas citadas com o arrecadado, investiu o valor em renda fixa em seu nome”, afirma a deputada Luciene Cavalcante na representação encaminhada ao MPF. 

“Em nenhum momento o Representado deixou nítido aos doadores a finalidade das doações, ludibriando-os de que seriam voltadas para o pagamento das multas decorrentes de violações de normas sanitárias no Estado de São Paulo, mas, ao fim, tornaram-se mais uma fonte de sua renda pessoal”, prossegue a parlamentar que quer Bolsonaro processado por estelionato e lavagem de dinheiro.

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