RIO DE JANEIRO – Acusado de liderar um esquema de “rachadinha” no gabinete de Carlos Bolsonaro (PL), o chefe de gabinete do vereador, Jorge Fernandes, pagou dois boletos em nome do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Relatório da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI) do MP-RJ afirma que Fernandes também quitou boletos em nome de Carlos de 2012 a 2019.
As informações integram a investigação conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro que culminaram na denúncia contra Fernandes. A apuração contra Carlos foi arquivada sob alegação de que não houve provas de crime contra o filho do ex-presidente.
Os dados do relatório foram divulgados pelo ICL Notícias em julho e confirmados pela Folha após o oferecimento da denúncia contra Fernandes. A reportagem não conseguiu contato com Fernandes ou seu advogado. Em depoimento ao MP-RJ, ele disse que nunca pagou boletos em nome de outras pessoas.
Em nota, o filho do ex-presidente disse receber com tranquilidade a informação sobre o arquivamento. Declarou também indignação com a denúncia contra integrantes de seu gabinete. “Confio em todos os meus funcionários e tenho absoluta certeza de que todos os envolvidos demonstrarão a fragilidade da acusação e suas inocências“, disse.
A reportagem procurou a defesa de Bolsonaro, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

O relatório do MP-RJ afirma que Fernandes quitou um boleto de Bolsonaro no valor de R$ 2.319,42 em abril de 2018. Ele também pagou uma multa de trânsito em nome de Michelle no valor de R$ 311,48 em abril de 2019, quando ela já era primeira-dama.
Além dos pagamentos de boletos do casal, o relatório também aponta que Fernandes quitou 19 boletos de Carlos entre 2012 e 2019, no valor de R$ 23,4 mil.
O documento levanta suspeitas sobre a ausência de pagamento de planos de saúde de Carlos informados no Imposto de Renda do vereador. Segundo o relatório, ele declarou vínculo contratual com duas operadoras de 2011 a 2020, mas há apenas o registro de um título de cobrança pago nos extratos bancários do filho do ex-presidente.
Os técnicos da CSI sugeriram ao promotor Alexandre Graça, responsável pela investigação, que as operadoras fossem oficiadas para informar as data, valores e forma de pagamento dos respectivos boletos. Não há informação nos autos de que a recomendação tenha sido seguida.
Graça arquivou as suspeitas contra Carlos sob a alegação de que não encontrou movimentações financeiras irregulares nas contas do vereador. Ele disse que a possível existência de “funcionários fantasmas” no gabinete pode se configurar uma infração administrativa, mas não penal.
Com informações da Revista Cenarium