‘Não adianta pedir anistia antes do julgamento’, diz Lula no Japão

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Presidente critica pedidos de anistia feitos por Bolsonaro e reforça que a Justiça brasileira está cumprindo seu papel no julgamento sobre tentativa de golpe de Estado.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou nesta quarta-feira (26) — noite no Brasil e manhã de quinta-feira (27) no Japão — sobre a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. Durante coletiva de imprensa em Tóquio, Lula defendeu o trabalho da Justiça e criticou os pedidos de anistia antecipada.


STF e o julgamento de Bolsonaro

Mais cedo, a Primeira Turma do STF decidiu, por unanimidade, aceitar a denúncia contra Jair Bolsonaro e outros aliados. Eles responderão por crimes como organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Lula destacou o papel das investigações realizadas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal no caso. “A Suprema Corte está se baseando nos autos do processo, depois de meses de investigação muito bem feita pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, com muitas delações de pessoas importantes”, afirmou o presidente.

Lula também foi enfático ao criticar as ações atribuídas ao ex-presidente: “É visível que o ex-presidente tentou dar um golpe no país. É visível, por todas as provas, que ele tentou contribuir para o meu assassinato, para o assassinato do vice-presidente e do ex-presidente da Justiça Eleitoral brasileira.”


Anistia antes do julgamento

Em sua declaração, Lula não poupou críticas aos pedidos de anistia feitos por Bolsonaro e por setores da oposição, ressaltando que tais pedidos são prematuros e sugerem uma admissão de culpa.

“Não adianta ficar pedindo anistia antes do julgamento. Quando ele pede anistia antes do julgamento significa que está dizendo que foi culpado. Ele deveria provar a inocência dele porque não precisava pedir anistia”, observou Lula.


Convergências entre Brasil e Japão

A entrevista coletiva ocorreu no último dia da visita de Estado ao Japão, onde Lula participou de reuniões com o primeiro-ministro Shigeru Ishiba, o imperador Nahurito e outras autoridades japonesas. Durante a viagem, o presidente discutiu temas como a defesa da democracia, o multilateralismo e a reforma do Conselho de Segurança da ONU.

“Eu saio muito satisfeito. Essa visita ao Japão teve como objetivo estreitar a relação no momento em que a democracia corre risco no mundo, em que setores de extrema-direita, negacionistas, têm ganhado força”, afirmou Lula.

O presidente também destacou a importância de fortalecer o livre comércio e enfrentar práticas protecionistas. “Foi importante porque queremos discutir mudanças na governança mundial e construir um século 21 com maior representação geopolítica.”


Relações Brasil-Japão

A visita de Estado marca uma retomada nas relações bilaterais, que celebrarão 130 anos de diplomacia em 2025. Lula ressaltou que esta foi a visita mais significativa que já realizou ao Japão, desde sua primeira passagem pelo país em 1975, quando ainda era sindicalista.

Além dos encontros políticos, Lula participou de reuniões com empresários brasileiros e japoneses, pesquisadores e integrantes do movimento sindical. Segundo ele, a viagem consolidou parcerias estratégicas entre os dois países, especialmente em temas de interesse global como sustentabilidade e inovação.



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